Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas

Tebas, o escravo que virou arquiteto (Foto: Wikimedia Commons)

TEBAS O PRIMEIRO ARQUITETO NEGRO DO BRASIL

Joaquim Pinto de Oliveira ( nascido em 1721 em Santos – falecido em 181 1em São Paulo) é o primeiro negro que temos noticia no Brasil que atuou como autor de projeto arquitetônicos, também conhecido como Tebas, foi um escravo, artesão e após a sua alforria, arquiteto em São Paulo durante o Brasil Colonial. Joaquim nasceu na cidade de Santa já escravizada, a origem africana de Joaquim Pinto de Oliveira ainda não são conhecidas. Sabe-se, no entanto, que ele nasceu em Santos e foi transferido para São Paulo, em meados do século 18, pelo seu então “proprietário”, o português Bento de Oliveira Lima, célebre mestre de obras da região.

​A capital vivia, na época, um boom na construção civil, baseada no método construtivo da taipa. Tebas se destacava por ser um especialista na arte e na técnica de talhar e aparelhar pedras, um profissional raro na São Paulo colonial. Seu trabalho era muito requisitado, sobretudo pelas poderosas ordens religiosas presentes na cidade desde a fundação.

​Benedito Lima de Toledo, professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, em entrevista concedida à revista Leituras da História (2012), destacou que Joaquim Pinto de Oliveira soube captar a religiosidade da época e expressá-la de maneira muito pessoal. “Essa expressão da religiosidade”, disse Toledo, na ocasião, “é que o transformou em arquiteto e as suas obras em arte”.

​Ele foi o responsável pela construção do Chafariz da Misericórdia (1792), sua obra mais conhecida, além dos ornamentos de pedra da fachada das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da velha Catedral da Sé (1778), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783) e, também, do enorme Cruzeiro Franciscano da cidade de Itu (1795).

​Alforriado entre 1777 e 1778, aos 57 ou 58 anos de idade, Tebas morreu no dia 11 de janeiro de 1811, vítima de gangrena, aos 90 anos. O velório e o sepultamento foram realizados na Igreja de São Gonçalo, ainda hoje existente na Praça João Mendes. No dia 20 do novembro de 2020, Dia da Consciência Negra, houve a entrega, no Centro de SP, da escultura de Lumumba @lumumba_afroindigena e Francine de Moura @francinemoura.art em homenagem ao arquiteto e foi criado o Intituto Tebas O que trabalha na valorização da memória e do patrimônio cultural negro e indígena como forma de construção de uma sociedade verdadeiramente democrática.

Referência:

 FERREIRA, Abílio. Tebas: um arquiteto negro em uma São Paulo escravocrata. 2016. Disponível em: < https://www.causp.gov.br/wp-content/uploads/2016/03/Livro-Tebas.pdf>

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